Como aproximar o punk das mobilizações que historicamente lutaram e lutam pelo direito à cidade? Podemos especular a influência das produções dos anos 60 próximas aos situacionistas e a crítica ao urbanismo moderno, podemos especular a influência dos happenings do Provos, grupo holandês que tinha a cidade como palco para ações de desvio e ocupação tensionando a relação entre o público, o privado e as autoridades, e de forma mais crua, até pensar em como o ganguismo redesenhou a geografia da cidade partindo de uma outra configuração de fronteira.
Olhar pra tudo isso significa olhar para o deslocamento da periferia ao centro. É sobre o fato de pagar para ir ao trabalho, à escola, aos shows e às manifestações, e no Brasil, no começo dos anos 2000, uma geração que já pertencia a uma tradição do punk bastante inclinada às mobilizações de rua, se encontra nas organizações de luta pelo passe livre, juntos de outros movimentos sociais, partidos e coletivos.
Esse episódio é dedicado ao punk e ao Movimento Passe Livre e celebra o livro de Rodrigo Lopes de Barros, "Distortion and Subversion Punk Rock Music and the Protests for Free Public Transportation in Brazil (1996–2011)", publicado esse ano pela Liverpool University Press.