Confia: Milagre de Natal

Imagina-te no lugar dos pastores naquela noite. És alguém simples, com uma vida comum, e de repente o Céu abre-se para ti. Um anjo dá-te a melhor notícia de sempre: nasceu o Salvador! E não apenas isso — convidam-te a ser um dos primeiros a vê-Lo.

Olha para a longa lista de nomes que o Evangelho de hoje nos apresenta e pensa que cada um deles tem uma história, momentos de glória e quedas, dúvidas e conquistas. Jesus não surge do nada — Ele vem de uma linhagem cheia de pessoas reais, como tu e eu, com vidas marcadas por desafios, por erros e recomeços.

Sente a força destas palavras: “Vou enviar o meu mensageiro, para preparar o caminho diante de Mim.”

Estamos no Advento, tempo de espera, mas também de preparação. Este Evangelho lembra-nos de que Deus não chega de surpresa; Ele envia-nos sinais, chama-nos, provoca-nos para que possamos preparar o coração e a vida para a Sua chegada. Mas como?

Imagina que alguém te pergunta: “O que estás disposto a fazer pelos outros?” Talvez penses em gestos simples, como ajudar um amigo ou apoiar quem precisa. Mas, e se Deus te pedir algo maior? Algo que envolva a tua vida inteira?

Maria tinha acabado de receber o maior dos anúncios — ia ser a mãe do Salvador. Podia ter ficado quieta, mergulhada no seu mundo, tentando entender o que acabava de acontecer. Mas não foi isso que fez. Maria pôs-se a caminho, apressadamente, para levar a sua presença e a alegria de Deus a Isabel.

Uma jovem, em Nazaré, vive a sua vida simples e tranquila, até que, de repente, um anjo aparece diante dela com uma mensagem surpreendente. O anjo diz: “Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo.” Maria fica confusa. Como pode ser isso? 

Estás no templo, rodeado pelo silêncio profundo de um momento sagrado. Zacarias, o sacerdote, está diante do altar, a oferecer o incenso a Deus, quando um anjo lhe aparece, trazendo uma mensagem surpreendente: ele e Isabel, mesmo já idosos, vão ter um filho. Um filho que prepararia o caminho para algo muito maior. A resposta de Zacarias é de dúvida, como se fosse impossível. E o anjo, em resposta, pede-lhe silêncio.

Neste Advento, somos convidados a viver um tempo de espera e de preparação. No Evangelho de hoje, vemos José, um homem justo, confrontado com uma situação difícil. Maria, a sua noiva, está grávida, e José, sem entender o que se passa, pensa em afastar-se. No entanto, é no silêncio do seu coração que ele ouve a voz de Deus, que o convida a confiar, a não temer e a receber Maria.

Imagina a grande linha do tempo que une todas as gerações de Abraão até Jesus. Cada nome que ouves na genealogia de Cristo é como uma pedra na fundação de um edifício que chega até nós, aqui e agora. 

Imagina-te no templo, rodeado de pessoas e, à tua frente, está alguém a ensinar com uma autoridade que não é como as outras. É Jesus, mas as pessoas têm dúvidas sobre Ele. Os líderes, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos, aproximam-se e perguntam: “Com que autoridade fazes isto?”.

Hoje, o Evangelho traz-nos uma pergunta simples, mas poderosa: “O que devemos fazer?” João Batista, o grande pregador da esperança, responde com ações concretas. Ele não fala apenas de grandes ideais, mas de gestos simples e transformadores.

Neste Advento, estamos à espera de algo grande, algo novo. Mas, tal como os discípulos, muitas vezes estamos à procura de sinais espetaculares, de grandes acontecimentos, de mudanças visíveis...

A mensagem de Jesus para hoje é clara, mas desafiante. Jesus fala de uma geração que vive insatisfeita, que critica tudo e todos, mas que não se compromete com a mudança. Ele compara essa atitude à das crianças que tocam flauta e não dançam, que fazem lamentações e não choram — como se estivessem à espera de uma perfeição que nunca chega.

Estás no meio da multidão, a ouvir as palavras de Jesus sobre João Batista e escutas algo surpreendente: “O mais pequeno no Reino dos Céus é maior do que ele.” O que será que isso significa para ti, que vives o teu dia a dia com tantas perguntas e desafios?

No Evangelho de hoje vemos José no meio de um momento complicado da sua vida. Ele estava cheio de incertezas, mas Deus encontrou-o. Não numa multidão ou num grande espetáculo, mas na intimidade de um sonho. Deus foi ao encontro de José porque Ele nunca nos abandona.

Estás num campo vasto e tranquilo. És uma ovelha do rebanho de cem, sobre o qual fala o Evangelho de hoje. Tudo parece seguro, mas um dia, perdes-te. Talvez por curiosidade, talvez por distração, talvez por medo. Estás sozinho, longe de tudo, e perguntas-te: “Será que alguém vai dar pela minha falta? Será que eu ainda importo?”

Uma multidão, alguns amigos determinados e uma missão aparentemente impossível. Queriam levar um paralítico até Jesus, mas tudo lhes parecia dificultar o caminho. E então, sem hesitar, sobem ao terraço, desmontam as telhas e descem o amigo até onde Jesus está.

Que loucura! Ou será que é fé?

Para por um momento. Respira fundo. Imagina-te na pele de Maria, jovem, simples, com sonhos e planos na cabeça, quando de repente tudo muda. Um Anjo aparece e anuncia algo incrível, inimaginável. Como Maria, talvez o teu coração ficasse perturbado. Talvez pensasses: “Porquê eu?” ou “Como será isso possível?”

Jesus está a caminhar pelas ruas da tua cidade. Ele passa pelas praças, pelas escolas, pelos cafés. Olha para cada rosto com atenção. Vê as pessoas cansadas, preocupadas, talvez até perdidas, e enche-se de compaixão...

Tal como os dois cegos do Evangelho de hoje, tu também caminhas no escuro, mas sabes que Jesus está perto. Tal como eles sentes esperança e gritas “Filho de David, tem piedade de nós!”. Talvez o mundo à tua volta te tente silenciar, mas tu, à semelhança daquelas duas personagens, não desistes, continuas, com fé e vendo mais longe do que os teus olhos podem alcançar.