O projeto Farmácias Vivas (FV) idealizado pelo Prof. Francisco José de Abreu Matos, traz na sua essência uma visão de valorização da tradicionalidade do uso de plantas medicinais associado à
ciência, visando o uso racional e seguro de dezenas de plantas medicinais nativas e cultivadas no Nordeste. Tradição-Ciência é uma associação muito importante, a título de exemplo plantas
aromáticas (rica em óleo essencial- OE) como o eucalipto não devem ser levadas ao aquecimento direto no preparo de chás, porque o OE (ativo) é sensível ao calor. Eucalyptus tereticornis é a
espécie medicinal (princípio ativo: eucaliptol, expectorante e antimicrobiano) que pode ser
cultivada no NE, mas a espécie mais comum e usada no Ceará é o eucalipto-limão (Eucalyptus
citriodora) que possui ação repelente e desinfetante, e não deve ser inalado. Nesse contexto, é
importante perceber diferentes níveis do uso da fitoterapia, de preparações caseiras, como chá e
o lambedor (xarope caseiro) à produtos farmacêuticos produzidos pela indústria – medicamentos
fitoterápicos. A história da Fitoterapia cearense, da Farmácia, está intimamente associada à
Família Matos. O prof. F.J.A. Matos (Farmacêutico – UFC 1947) foi filho, neto e bisneto de
farmacêuticos, herdeiro da histórica “Pílulas de Matos”. A família Matos (FJA Matos, Maurício
Matos e Elisa Matos) foi durante décadas professores da disciplina de Farmacognosia do Curso
de Farmácia da UFC, fundado há 104 anos. O pioneirismo das FV fomentou avanços relacionados
ao uso da fitoterapia no Brasil. Desde 2010 as FV está no SUS, e fitoterápicos estão na relação
nacional de medicamentos essenciais do SUS, mas precisamos ainda avançar no estudo de nossas
plantas e investir na difusão do conhecimento científico.